MULHERES NA LUTA SINDICAL: A TRAJETÓRIA DA LIDERANÇA FEMININA NA ADUFSJ

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, não é uma simples data comemorativa, mas um marco de resistência das mulheres trabalhadoras. O 8M tem raízes profundas nas lutas históricas por direitos e igualdade de gênero, protagonizadas por mulheres que, desde o início do século 20, exigiram condições de trabalho justas.
O movimento socialista da época deu voz a essas mulheres, que enfrentavam jornadas exaustivas e salários inferiores aos dos homens. Embora a data tenha sido oficializada apenas em 1975 pela ONU, sua história remonta a décadas de mobilização e resistência.
A ADUFSJ E A LUTA DAS TRABALHADORAS
A ADUFSJ - Seção Sindical surge da necessidade de organizar e defender os trabalhadores, em específico, a categoria docente. Fundada em 1987, sob o nome de ADFUNREI, a entidade tem se consolidado como um espaço de luta sindical e uma das vozes da classe trabalhadora no meio acadêmico. Em 1988, a primeira presidenta mulher da entidade, Ana Maria Simões Dillinger, assumiu a gestão da ADUFSJ, consolidando a presença feminina na luta sindical e acadêmica.
De lá para cá, diversas outras mulheres passaram pela diretoria e presidência da seção sindical, ocupando espaços e dando voz à categoria. Maristela Nascimento Duarte, professora aposentada do DECIS e ex-presidente da ADUFSJ, já fazia parte da luta sindical antes de assumir a diretoria da entidade em 2005. Sua trajetória, marcada pela participação em movimentos estudantis e políticos, lhe trouxe uma sólida experiência em liderança e trabalho coletivo. Para Maristela, ser mulher à frente de um sindicato traz desafios específicos, mas a história da ADFUNREI e da ADUFSJ está profundamente ligada à participação das mulheres na ampliação dos espaços de luta pela democracia e justiça social. “Essa luta transcende os limites da universidade, ampliando-se à medida que o sindicato se alia às demandas dos movimentos sociais e da sociedade como um todo”, afirma.
Valéria Gussen, presidenta da ADUFSJ de 2009 a 2010, destaca as experiências enriquecedoras que viveu à frente do sindicato. Além de sua atuação no comando da entidade, Valéria também chefiou a Procuradoria Jurídica da UFSJ, o que lhe permitiu compreender o movimento sindical sob diferentes perspectivas. Ela afirma que "no sindicato, há mais combatividade”.
A trajetória da professora Rejane Corrêa da Rocha é mais uma das expressões de liderança feminina na ADUFSJ. Ela foi membro da diretoria e presidenta da seção sindical em um momento de crescimento da universidade. “Estávamos vivendo uma nova experiência com a expansão propiciada pelo REUNI e, pela primeira vez, com campi fora de São João del-Rei. Paralelamente, buscamos garantir a valorização do nosso trabalho e da nossa carreira, enquanto docentes, em um contexto de grandes investimentos na educação durante o segundo mandato do presidente Lula.”, diz. Rejane destaca que, enquanto mulher e no exercício da presidência da ADUFSJ, sempre buscou dar visibilidade à participação feminina no movimento sindical. Além disso, sinaliza a necessidade de novos avanços na busca por mais igualdade e reconhecimento, especialmente para as mulheres em posições de liderança.
Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo, que presidiu a ADUFSJ entre 2019 e 2023, foi uma liderança feminina que conduziu a seção sindical durante um período de efervescência conservadora e ataques à democracia. Neste contexto político desafiador, Jaqueline adotou o termo "presidentA", como uma escolha simbólica de resistência e afirmação do papel das mulheres na luta sindical. Para ela, a luta sindical e a luta feminista estão intrinsecamente conectadas, mas “é preciso garantir que a luta política, materializada pela participação direta nos sindicatos e nos movimentos sociais, não seja uma jornada exaustiva nas já saturadas duplas e triplas jornadas de trabalho das mulheres’, afirmou.
Ana Pimentel, deputada federal e ex-vice-presidente da ADUFSJ, compartilhou sua experiência sobre os desafios enfrentados por mulheres em espaços de poder. Ela destacou a sub-representação feminina nesses espaços e a importância de lutar pela presença das mulheres em posições de liderança ativa. A deputada enfatizou a dupla jornada de trabalho das mulheres na academia e no movimento sindical, além da necessidade de avançar em pautas como equidade salarial, representatividade feminina e combate à violência política de gênero.
“Ser mulher na academia e na luta sindical é romper com a tradição histórica de ter essas cadeiras ocupadas por homens brancos. Apesar dessas e outras adversidades, conquistamos avanços importantes, ampliando nossa representatividade e voz dentro da academia e da luta sindical. E seguiremos assim”, disse.
A atual presidenta da ADUFSJ, Carolina Ribeiro Xavier, afirma que, ao longo de sua trajetória como filiada à seção sindical, as mulheres sempre tiveram um papel marcante na condução do sindicato. No entanto, ela destaca que um momento decisivo para ela foi quando a ADUFSJ adotou uma posição ainda mais feminista, organizando uma grande agenda para o mês das mulheres em 2020. “Ali, eu comecei a me interessar mais pelo movimento sindical, um movimento que dialoga com os demais movimentos sociais", conta.
A história do 8 de março nos recorda que a luta das mulheres por direitos e igualdade nunca foi homogênea, mas sempre foi plural e diversa. No entanto, a determinação feminina tem sido uma constante no motor da transformação social. A ADUFSJ, como um sindicato de trabalhadoras e trabalhadores, carrega em sua trajetória a força de mulheres que, desde sua fundação, têm sido protagonistas da luta por melhores condições de trabalho, igualdade de gênero e por uma sociedade mais justa.