DIA INTERNACIONAL DA MULHER: ENTREVISTA COM BIA GUIMARÃES
A ADUFSJ - Seção Sindical se soma às vozes que disputam o 8M como um dia de luta, em que as mulheres do mundo inteiro celebram os avanços rumo à igualdade de gênero e denunciam as violências que persistem sobre seus corpos e suas vidas. E é para discutir um pouco mais sobre a luta das mulheres que entrevistamos Bia Guimarães, umas das articuladoras do Fórum de Mulheres das Vertentes.
Confira:
1 - Qual o verdadeiro sentido do 8M?
O 8M, o Dia Internacional da Mulher, representa para nós mulheres, organizadas, seja no campo ou nas cidades, nas comunidades ribeirinhas, nas florestas e nos litorais, um momento de fazer ecoar em todos esses locais nossas lutas diárias por justiça e igualdade, pelo fim do racismo e de todas as formas de opressão e violência contra nós mulheres
2 - Quais são hoje os principais desafios das mulheres no Brasil: continuam sendo os mesmos de outras fases da luta feminista, como representatividade política e direito ao aborto, ou mudaram ao longo dos anos?
Apesar da incansável luta e de muitas conquistas históricas alcançadas por feministas e movimentos feministas, muitos desafios e pautas feministas continuam em aberto, como a paridade salarial efetiva entre homens e mulheres, a jornada dupla, os direitos sexuais e reprodutivos, as violências de gênero para citar algumas. Além disso, vivenciamos nos últimos anos no Brasil retrocessos que nos impõe mais lutas para recompor todas as perdas que tivemos, provocadas tanto pelos golpistas que retiraram Dilma, uma mulher eleita democraticamente, como pelo desgoverno do inominável. Ambos de forma perversa foram desmontando direitos básicos já conquistados: privatizaram serviços públicos, diminuíram os gastos sociais e alimentaram nossa sociedade, que já era conservadora, com pautas fundamentalistas e práticas racistas e violentas. São muitas as lutas que temos pela frente, mas não desistimos. Contamos hoje com um governo que preza pelos direitos humanos e isso nos dá mais força. Temos que cuidar dos retrocessos e avançar em outras pautas como a questão do direito ao aborto e garantia de mais mulheres nos locais de poder de decisão. Por exemplo, dos 77 parlamentares estaduais eleitos em MG apenas 15 são mulheres. De 853 cidades mineiras, apenas 64 mulheres foram eleitas prefeitas em 2020. O nosso estado nunca foi governado por uma mulher, o que demonstra a baixa representatividade das mulheres na política. Precisamos eleger mais mulheres, mas que de fato representem as nossas lutas por uma cidade mais justa, mais solidária, mais humana.
3 - E aqui na região? Há desafios específicos em uma cidade do interior, tradicionalista e conservadora
O conservadorismo fica mais visível nas cidades do interior, mas não vejo a nossa cidade mais conservadora que outras cidades brasileiras, sejam elas pequenas ou grandes. É verdade que a capacidade de mobilização das nossas lutas nos grandes centros urbanos são mais expressivas e ganham maior visibilidade, mas o nosso Brasil infelizmente é conservador, é machista, é racista, tradicionalmente explorador e opressor.
Precisamos romper com este modelo.
4 - O Fórum de Mulheres das Vertentes foi criado para lutar pela igualdade de gênero na região. Como tem sido sua atuação?
A primeira e a mais importante atuação é justamente contribuir na organização das mulheres em nossa região. Juntas somos mais fortes. Decorrente desta organização, minha atuação tem sido em várias frentes. Eu atuo junto ao grupo solidariedade do Fórum de Mulheres que foi criado na pandemia para ajudar mulheres em situação de insegurança alimentar, organizo e participo de rodas de conversas/cine café com essas mulheres, ajudo a organizar e participo de oficinas que tem como mote a relação da mulher com o trabalho. Junto com as mulheres do FMV definimos as pautas que são importantes para a nossa cidade, além de dar suporte a mulheres que representam as pautas das mulheres em diferentes frentes como, por exemplo na câmara legislativa, com o apoio ao mandato da Lívia Guimarães.