COMUNIDADE ACADÊMICA REPUDIA ZEMA POR SE PROMOVER COM DINHEIRO SUJO DO SANGUE DAS VÍTIMAS DE BRUMADINHO

ao lado de políticos como Dr. Frederico e Nivaldo, ele participou de solenidade na UFSJ, mas comunidade acadêmica foi impedida pela PM de entrar

Na tarde desta quinta (21) o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), cumpriu agenda em visita à São João del-Rei para anunciar o repasse financeiro de R$ 62,5 milhões para a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). 

Apesar da importância do investimento em educação e na universidade pública, a União Sindical de São João del-Rei, da qual fazem parte o Sinds-UFSJ e a ADUFSJ - Seção Sindical, se indignou com o cenário montado. 

Os manifestantes repudiaram a tentativa do governador de fazer política e se auto-promover com o dinheiro “sujo de sangue”, oriundo do acordo entre o estado de Minas Gerais e a mineradora Vale, após o crime de Brumadinho. 

“A pergunta que não quer calar é: cadê os filhos dos acidentados? Os netos das vítimas? Não têm nenhum neste evento. Quem está aqui é a elite política, a elite política que não foi afetada”, apontou o coordenador-geral do Sinds-UFSJ, Denilson Carvalho. 

O servidor destacou também que a UFSJ não é um caso isolado e que o governador, já de olho nas próximas eleições, tem feito um “cortejo” pelas universidades do estado e distribuído a verba proveniente do acordo firmado com a Vale aos municípios. 

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PEC 32

O evento ocorreu nas instalações da UFSJ e contou com a participação de diversos prefeitos e vereadores da cidade e região. O deputado federal Frederico Escaleira (Patriota), o Dr. Frederico, também esteve entre os convidados. 

Enquanto o deputado, em seu discurso, defendeu o investimento de recursos financeiros na universidade, os manifestantes questionavam seu posicionamento favorável à PEC 32, Reforma Administrativa, que ataca, de maneira sem precedentes, os serviços públicos, inclusive a educação. 

O prefeito de São João del-Rei, Nivaldo de Andrade (PFL), que recentemente atuou para retirar parte do terreno em que funciona o Campus Tancredo Neves (CTAN) da UFSJ, também participou do evento.

A presidenta da ADUFSJ, Jaqueline de Grammont, ressaltou que a verba que vai engrandecer a UFSJ é a que provém do orçamento do Estado brasileiro - porque é consistente, contínua e permite planejamento. “Nós não queremos mais políticos que vem aqui fazer de conta que salvam a universidade”, disse a professora. 

Reitoria

Os representantes dos professores e servidores técnicos-administrativos da Universidade Federal de São João del-Rei questionaram ainda a conduta do reitor Marcelo de Andrade de receber estes políticos e participar da ação, mesmo sabendo a origem dos recursos. 

Eles repudiaram também a tentativa de coibir a manifestação pacífica, que contava com a presença de técnicos, professores e alunos, no espaço da universidade pública, inclusive chamando a polícia para contê-los.

A Polícia Militar chegou a questionar os sindicatos e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSJ se eles tinham autorização para estar no campus, pois seriam retirados se não apresentassem a autorização. 

Além da presença incomum de policiais militares fortemente armados no campus da universidade, um helicóptero da Polícia Civil também foi utilizado para sobrevoar o local e intimidar os manifestantes, que faziam seu protesto apenas com um megafone, cartazes e faixas.

 

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