EM ASSEMBLEIA, DOCENTES DA UFSJ MANIFESTAM POSIÇÃO CONTRÁRIA À VOLTA DAS AULAS PRESENCIAIS

Para a categoria, a posição é precipitada e coloca professores, alunos e familiares em risco

Os docentes da UFSJ decidiram em assembleia extraordinária, realizada nesta segunda (21), não apoiar o retorno das aulas presenciais da instituição, em função da pandemia da Covid-19. “São João del-Rei vive seu pior momento da pandemia e não é recomendável retomar as aulas presenciais neste momento”, sintetizou a vice-presidenta da ADUFSJ – Seção Sindical, Ana Pimentel.

A assembleia, realizada virtualmente, contou com a participação de 42 docentes e deliberou sobre diversos temas de interesse da categoria. A avalição da primeira semana de aulas remotas foi um deles. Os participantes concordaram que forma precipitada que o calendário foi colocado trouxe prejuízo não só para a qualidade do ensino como para a saúde dos professores.

Aulas remotas

Mesmo com apenas uma semana de adoção das aulas remotas, já foram vários os relatos de danos físicos e psicológicos à saúde já experimentados com a nova rotina de trabalho, reforçando à necessidade da categoria lutar pela regulamentação do trabalho docente neste período de excepcionalidade.

Um ano de gestão

A assembleia marcou a celebração do primeiro ano de trabalho da atual diretoria da ADUFSJ. A presidenta do Sindicato, Maria Jaqueline de Grammont, destacou a atuação da ADUFSJ na Pesquisa Informal para escolha do novo reitor da UFSJ – que ocorreu em novembro do ano passado – e também frente aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19.

Contra as reformas e fora Bolsonaro/Mourão

A importância da mobilização sindical para se contrapor aos ataques do Governo Federal, tanto aos docentes universitários quanto ao serviço público em geral, também foi pautada, destacando-se a preocupação da categoria com a Reforma Administrativa que, na avaliação da diretoria da ADUFSJ, destruirá os serviços públicos brasileiros.

“Nós estamos em uma guerra e o inimigo já falou que está colocando granadas nos nossos bolsos. Ele está tão próximo, que consegue colocar granada nos nossos bolsos”, afirmou Jaqueline.

De acordo com ela, dentre os problemas brasileiros corrigidos pela Constituição de 1988, a constituição Cidadã, estavam os chamados “trens da alegria” – processos em que políticos contratavam seus cabos eleitorais, inchavam a máquina pública e depois davam um jeito de efetivá-los, sem que passassem por concurso público ou tivessem qualificação para os cargos que ocupavam. 

Ela explicou que é exatamente isso o que voltará a ocorrer quando o governo acabar com a estabilidade do servidor público. “O que está acontecendo agora é um retrocesso aos tempos anteriores à Constituição Cidadã”, esclareceu.

A presidenta da ADUFSJ alertou ainda que o governo e seus apoiadores tentam seduzir os servidores públicos dizendo que a reforma administrativa não irá atingi-los, mas isso é mentira. “Irá nos atingir sim; irá cortar nossas progressões e qualquer tipo de aumento salarial. (...) Vai nos atingir sim, assim como a Reforma da Previdência nos atingiu e todo mundo sentiu isso nos salários”, comparou.

Ela lembrou que, além dos prejuízos pessoais, os servidores também perderão a universidade pública, o serviço público de saúde e outras conquistas de todo o povo brasileiro. “Não tem outra forma de destruir a universidade pública que não seja nos destruindo, destruindo nossa reputação”, acrescentou.

A presidenta da ADUFSJ conclamou à categoria a ser contra qualquer reforma que destrua os serviços públicos e também contra o governo Bolsonaro/Mourão que, na avaliação dela, está destruindo o país e as conquistas do povo brasileiro. “A universidade pública é historicamente um espaço de resistência: contra as reformas e fora Bolsonaro e Mourão”

Maria Jaqueline conclamou os colegas à luta contra o projeto e ressaltou a importância histórica da mobilização dos trabalhadores brasileiros na luta contra a implementação das políticas neoliberais. “Nós estamos na luta sim e estamos resistindo ao neoliberalismo há 30 anos, desde que Paulo Freire ainda estava vivo. Não aceitamos a ideia de que estamos fracos”, destacou a presidenta.

Confira a íntegra da análise de conjuntura:

Terreno da nova sede

Além das discussões de cunho político, a diretoria repassou alguns informes à base. O primeiro deles foi referente ao terreno onde será construída a nova sede do sindicato. Devido ao encanamento antigo, surgiram alguns problemas referentes à rede de esgoto. A diretoria ressaltou que é importante manter os sindicalizados cientes dessas questões porque isso pode gerar gastos para as partes envolvidas no futuro.

Outra pendência com relação ao terreno envolve a escritura do local, uma primeira versão do documento está sendo analisada pelo jurídico da ADUFSJ. “Estamos tendo todo o cuidado que não se dê início a construção da sede sem todas as garantias jurídicas”, reforçou a diretoria.

Programação de lives

Outro informe foi referente às lives promovidas pelo sindicato para manter a interação e as discussões entre a categoria durante o isolamento social. No primeiro semestre, a ADUFSJ, em parceria com o Sinds-UFSJ, promoveu 18 lives que abordavam temas de interesse social.

Nessa nova fase, a ADUFSJ, juntamente com o DCE e o Sinds-UFSJ, vão promover lives mensais que abordarão diversos assuntos, mas terão como pano de fundo a discussão sobre “a universidade que queremos”. A primeira delas foi promovida no dia 10 de setembro e pode ser vista aqui.

A Adufsj também vai promover uma série de lives, estas a cada última quinta-feira do mês, para valorizar o trabalho docente e mostrar como o ensino, a pesquisa e a extensão promovidas pela universidade pública mudam as vidas das pessoas. Batizado de “Pontes para o Saber: diálogos entre a produção docente e a comunidade” tem estreia marcada para esta quinta (24), às 19h30, nas redes sociais da Seção Sindical.

9º CONAD Extraordinário

Fora os informes, a primeira deliberação realizada durante a assembleia foi referente à escolha dos nomes que vão representar a ADUFSJ no 9º CONAD Extraordinário do ANDES-SN. A presidente da ADUFSJ foi escolhida pela base para como delegada e a suplente indicada foi a 2ª secretária da ADUFSJ, a professora, Márcia Hirata. O professor Wilson Camilo Chaves, ex-presidente da ADUFSJ, foi o indicado da categoria para participar do evento na condição de observador.

O 9º CONAD extraordinário do ANDES-SN acontece, de forma virtual, entre os dias 28 e 30 de outubro.

Além de seus representantes, a base da ADUFSJ também deliberou sobre o posicionamento que a categoria irá adotar frente as pautas que serão debatidas no congresso. Foi aprovado o apoio ao Texto de Resolução nº 16, o TR 16, que propõem que as eleições para a nova diretoria do Sindicato Nacional não sejam realizadas concomitantemente com as eleições municipais e que, posteriormente, elas ocorram de forma remota, para resguardar o isolamento social.

Apoio aos povos indígenas

Os docentes também aprovaram uma nota pública de apoio à Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que demanda do governo um plano emergencial de proteção aos povos indígenas durante a pandemia da Covid-19, com todas as medidas sanitárias bem como a retirada imediata de invasores das terras indígenas Yanomami (nos estados do Amazonas e Roraima), Karipuna e Uru-EuWau-Wau (em Rondônia), Araribóia (no Maranhão); Kayapó, Munduruku e Trincheira Bacajá (no Pará).

Apresentada pela professora do departamento de Ciências Sociais, Maria Leonia Chaves Resende, a nota também repudia “todos os ataques desferidos contra as associações representativas dos povos indígenas, em particular a APIB e a sua dirigente, Sonia Guajajara, que cumprem o papel legítimo de defesa dos direitos indígenas conferidos pela Constituição Cidadã de 1988”.

Acessibilidade

Para garantir maior acessibilidade dos docentes, os tradutores de libras Oswaldo Vinícius Rocha e Pedro Ernesto Santos Neves traduziram todo o conteúdo da assembleia.  

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