“NÃO DEVE EXISTIR SEGMENTAÇÃO DE LEITOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA PACIENTES COM COVID-19”, DEFENDE VICE-PRESIDENTE DA ADUFSJ

O debate online também abordu temas como a renda básica emergencial e o fim do isolamento para trabalhadores da educação de MG

A vice-presidente da ADUFSJ - Seção Sindical e professora do curso de Medicina, Ana Pimentel, defendeu a criação de fila única para acesso aos leitos hospitalares de São João del-Rei. O posicionamento ocorreu na noite desta quinta (9), durante o segundo debate online, com o tema "A crise brasileira é sanitária e política", promovido pela ADUFSJ. 

A professora afirma a idéia é que não exista a diferenciação entre leitos públicos e privados. “Se a gente for observar os leitos de UTI e os leitos para internação, destinados especificamente ao SUS, eles não dão conta da nossa realidade”, explica Pimentel. 

A fala foi usada para refutar o argumento do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de que o Brasil possui um número de leitos acima da média mundial. Mesmo sendo verdade, apenas 44% dos leitos de UTI no Brasil estão na rede pública. 

A vice-presidenta da ADUFSJ falou também sobre como a instabilidade no discurso e nas ações do Governo Federal e do Ministério da Saúde são prejudiciais à população.  “Quem acompanhou a coletiva do Ministério da Saúde de hoje pôde notar que houve um recuo na fala sobre a importância do isolamento social”, disse a professora. 

Renda básica emergencial

Essa mesma instabilidade e desarticulação pode ser observada também nas ações de âmbito federal, estadual e municipal. O Governo Federal aprovou a criação da Renda Básica Emergencial durante 3 meses, mas a população ainda tem dúvidas em relação ao projeto como, por exemplo, quem tem direito, como se cadastrar e outras.

É o que explicou o psicólogo do CRAS do Senhor dos Montes, João Vitor Santana Pereira, um dos convidados do debate. Segundo ele, apesar da importância dessa medida, os órgãos de assistência municipal não receberam orientações oficiais para passar à população. “O que eu passo para as pessoas é o que eu leio na internet, e só o que se tem são informações soltas”, explica ele.

O psicólogo credita parte da desinformação da população aos ataques do presidente da república à imprensa. “Parece que os ataques do presidente à imprensa fazem com que as pessoas desacreditem nas informações passadas pelos grandes veículos de comunicação”, diz Pereira. 

Sincronicidade de ações

A primeira secretária da ADUFSJ - Seção Sindical e professora do Departamento de Ciências Sociais, Maria Clara Santos defendeu a ideia de que os órgãos de assistência social e a educação devem ser sincronizadas com a área da saúde.

A importância disso fica clara quando o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anuncia que, a partir do dia 14/4, as atividades administrativas das escolas estaduais, como secretaria, cantina e limpeza, voltarão a funcionar, mesmo que as aulas continuem suspensas. “Nesse primeiro momento quem retorna são os auxiliares de serviços básicos, que dentro das escolas são as pessoas que recebem os menores salários e que têm as condições de vida e de trabalho mais precarizadas”, aponta o membro da diretoria estadual do Sind-Ute, Aureo Miguel, outro convidado do debate online. 

Ele citou também o fato do Governo de Minas ainda não ter pago a 13º salário de 2019 para parte dos servidores da educação e a proposta de que se adote o modelo de ensino à distância nas escolas estaduais durante a pandemia. Para Aureo Miguel, a medida não foi muito bem pensada e não leva em consideração a realidade do ensino público no estado.

O vídeo completo da segunda live da ADUFSJ está disponível aqui. Toda quinta, às 19h30, serão abordados em transmissão ao vivo nas mídias sociais temas que foram destaques durante a semana.


 

 

 

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