PESQUISADORES DE UNIVERSIDADES BRASILEIRAS ALERTAM: O COVID-19 IRÁ SE PROPAGAR MAIS RÁPIDO DO QUE O PREVISTO

Em nota técnica sobre panorama da Covid-19 no Brasil, eles recomendam que o governo federal volte a repassar informações sobre casos suspeitos

A propagação do Covid-19 será mais rápida do que se previa inicialmente em várias regiões do país. É o que alertam pesquisadores brasileiros da UFRJ, UnB e USP, em nota técnica lançada nesta quarta (25), sobre a situação da pandemia no país. 

Assinado pelos cientistas Afrânio Kritski, Guilherme Werneck, Rafael Galliez, Roberto Medronho (todos da UFRJ), Mauro Sanchez, Ivan Zimmermann (ambos da UnB) e Domingos Alves (USP), o texto destaca que vivemos uma crise sem precedentes na saúde pública mundial. 

De acordo com eles, a velocidade da transmissão do vírus nas capitais São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro está muito alta. “Já deveríamos ter implantado a estratégia de contenção e supressão em vários municípios, medidas tomadas pelos países acometidos pela Covid-19, pois, conforme as experiências relatadas em regiões da China e Itália, a efetividade dessas medidas é maior quando iniciadas precocemente, quando o número de casos suspeitos e confirmados está baixo”, diz a nota técnica.

Registro de casos suspeitos

Os pesquisadores criticam a decisão do governo federal de não registrar, desde o último sábado (21), os casos suspeitos de coronavírus no Brasil. A decisão foi tomada após a transmissão comunitária ter sido declarada no país. 

Segundo eles, por se tratar de um país de tamanho continental e com expressivas desigualdades socioeconômicas, as medidas para contenção da pandemia do novo coronavírus no Brasil, devem ser analisadas em nível municipal, com apoio dos governos estaduais. Nesse sentido, quanto mais informações disponíveis, mais confiáveis serão as projeções e mais apropriadas serão as medidas tomadas. 

Universidade a serviço da saúde

Um grupo de pesquisadores da USP em Ribeirão Preto desenvolveu o portal (https://ciis.fmrp.usp.br/covid19/), para avaliar a situação da Covid-19 no Brasil em tempo real e analisar as respostas às medidas de contenção e multiplicação de casos por município. 

Em se tratando de medidas de contenção, um estudo realizado por um grupo de pesquisadores do Imperial College de Londres (DOI: https://doi.org/10.25561/77482) apresenta duas possíveis estratégias.

A primeira delas é a “mitigação”, que se concentra em isolar casos suspeitos e familiares em nível domiciliar. Essa medida tem intuito de retardar a propagação da epidemia, mas não necessariamente impedi-la. 

A segunda, mais recomendada, é a “supressão”, que visa reverter o crescimento da pandemia, reduzindo o número de casos. Essa medida mistura as técnicas adotadas no modelo de “mitigação” com o distanciamento social de toda a população e o fechamento de escolas, universidades e comércio. 

Gestão da saúde pública

Seja qual for o cenário, o consenso dos pesquisadores é de que o governo federal precisa voltar a divulgar todas as informações sobre a Covid-19 para que universidades, centros de pesquisas e as organizações das Forças Armadas auxiliem os governos federais, estaduais e municipais no monitoramento da transmissão do coronavírus e na revisão, quando necessária, das medidas de combate.

Os pesquisadores das instituições de ensino superior  reiteraram a importância da ciência na manutenção da vida humana e alertam para as possíveis repercussões de qualquer atraso na adoção de medidas efetivas para controle da transmissão do coronavírus.

A nota técnica completa pode ser conferida aqui.

 

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